Festival Folclórico de Parintins #1


Acontece todo ultimo final de semana do mês de junho. A cidade se divide em vermelho (Garantido) e azul (Caprichoso) para celebrar o maior espetáculo a céu aberto do mundo; e quem diria que tal espetáculo fosse aconter na pequena ilha de Parintins, no meio da amazonia.
Tentar descrever o que acontece no Bumbódromo (local onde ocorre o Festival) é praticamente impossível, a primeira vista um grande show com músicas, danças e alegorias, há quem ouse comparar o Festival de Parintins com o Carnaval do Rio de Janeiro; Mas Parintins é muito mais. Envolvidos numa emoção - que eu já nem sei se posso chamar assim porque vai muito mais além - celebramos a cultura de alguns povos indígnas, lendas e figuras típicas da região com criatividade e alegorias gigantescas que se transformam e se movimentam na arena. São três noites de festa totalmente diferentes uma da outra, uma mais surpreendente que a outra; os itens (pajé, sinhazinha, amo do boi, cunhã-poranga, porta-estandarte, rainha do folclore) são guiados pelo apresentador, levantador de toadas e pela galera.
Moro em Parintins desde criança e acompanho o Festival desde que me entendo por gente, mas nunca havia ido na galera; O dia começa, a cidade estava agitada e praticamente instransitável, algumas nuvens anunciavam que uma chuva cairia, mas isso não intimidava a grande quantidade de turistas que passeavam pelas ruas. Não havia combinado nada, foi assim, de uma hora pra outra, que eu resolvi ir na galera do boi garantido. Almoço e convido uma amiga para enfrentar a fila quilométrica que circundava quarteirões e triplicava a nossa preguiça de enfrentá-la. Era duas e meia da tarde, qualquer vestígio de sombra era como um troféu para quem estava tentando adentrar no bumbódromo, a tarde ficara cada segundo mais quente e eu não estranharia se alguém estivesse rezando para nevar ali... Todos tinham o mesmo objetivo, entrar no bumbódromo e mostrar todo o amor e carinho que sentiam pelo boi Garantido, fanatismo é pouco para os meus "colegas de fila" (tomei a liberdade de chamá-los assim) quem passasse por ali vestindo alguma peça azul seria vaiado até ir embora. Uma rápida chuva cai aliviando o calor, o tempo passou rápido e às quatro horas eu estava disputando um lugar para ter uma boa visão da apresentação; Agora a parte mais difícil: Esperar.
Era seis e trinta e seis e a passagem de som começara, em meio a provocações e vaias da galera contrária cantamos as toadas desse ano e nos preparamos para fazer bonito à noite.
O cansaço dominava meu corpo e eu tomei um susto quando uma voz masculina anunciava que o espetáculo já iria começar. Já eram quase nove horas e a Daniela Mercury fez todos cantarem o hino nacional com muito orgulho e com muito amor. O garantido finalmente começa seu espetáculo e para nossa surpresa o apresentador sobrevoa a galera pendurado num guindaste cantando uma das toadas mais bonitas que eu já ouvi:

-Vermelho eu sou, vermelho e branco, vermelho é a cor que eu canto, vermelho é o por do sol, a cor que eu amo! (...)

Todos vão a loucura, cada um tentando cantar mais alto que o outro, gritos, pulos e até gente chorando era comum nessa hora, um incessante arrepio do início ao fim da espinha me fazia sentir o que nunca sentia em lugar nenhum! A cada instante uma surprsa acontecia na arena, e em meio a "HEY's!", cansaço, pedidos de desculpas por pisar no pé de alguém, fizemos uma ótima apresentação aos jurados.
Agora é aguardar a segunda noite e torcer para que tudo dê certo novamente.