Dom.

O dom não é a escrita,
Mas sim, transformar a tristeza
Em alegria;
O invisível
Em poesia.
É como compor uma melodia
Deixar letra e música em harmonia
Dar ritmo à vida.

O dom não é saber gramática
É conhecer as palavras;
Saber quando elas gostariam de ser usadas
E usá-las... Ousá-las
Amá-las e fazê-las conjugar
O mesmo sentimento que você

O dom é saber ler
Os seus próprios pensamentos,
Entender o que se passa por dentro
E transcrever com os traços da alma.

O dom é ensinar para cada verso
Como rimar cada frase
E aprender com eles
Como se compõe cada fase das estrofes da vida

Longe de qualquer letra bonita,
Dicionário ou telepatia,
O melhor dos aprendizados
É saber viver realmente
Não ignorar o que sente
Não é errado ser humano em demasia
Porque você pecebe
Que não se consegue a escrita,
Muito menos a poesia
Se nunca amou de verdade um dia,
Se nunca lutou pelo o que queria ter,
Se nunca deixou que a vida
O deixasse viver.

Um poema sobre qualquer coisa.

Eu lembro de toda a dor,
Tudo o que passei, chorei.
Todo ardor que sentia no peito
Quando você passava,
Quando eu sentia o teu cheiro.
Eu poderia falar sobre um sentimento que nos envolve sem pudor,
Escrever um poema de amor
E destacar suas infinitas qualidades,
Mas, na verdade,
É engraçado como me sinto ao olhar para trás
E perceber que você já não brilha mais
Quanto as milhares de estrelas no céu.
Eu poderia lembrar da esperança que eu tinha em nós,
De quantas vezes eu perdi a voz,
Pensando em quantos nós eu tinha na garganta,
Ilustrar quão tortas são as linhas da vida...
Escrever um poema sobre mudança.
E declarar o quanto eu mudei ou o quanto as coisas mudaram
Escrever um poema de boas lembranças
E me sentir feliz em pensar
Que, apesar das coisas não terem dado certo,
Tudo tem dado certo pra gente
Ainda que separadamente.
Eu poderia escrever um poema sobre coisas boas,
Sobre brincadeiras tolas,
Falar sobre amigos que sempre estiveram ao meu lado...
Festas e milhares de episódios inusitados
Mostrar que eu estou bem agora.
Que eu penso mais em mim
E que eu não te esqueci,
Mas, sim, que esqueci da época que eu só pensava em ti.
O que finalmente eu consegui perceber
É que eu já não estou mais preso ao que me prendia
(Talvez era isso que você queria)
Que a vida nos deixa muitas feridas,
Mas que todas cicatrizam um dia.
O que finalmente eu consegui perceber
É que agora eu já consigo escrever
Um poema sobre qualquer coisa
Qualquer coisa que não seja você.

Para você.

Quando as coisas parecerem não ter fim
Ou parecerem ter acabado cedo de mais
Quando tudo o que você precisa
É um pouco de paz
Eu me sinto mal por estar tão bem aqui
E não saber o que dizer
Me dói não ter como melhorar o seu dia.
Eu não costumo direcionar textos para ninguém,
Mas esse aqui é para você...

Eu prometo, muito bem prometido
que eu farei de tudo
Para que tudo dê certo
Eu quero que você saiba
Que eu torço muito pelo seu sucesso,
Que, na realidade, eu gostaria de te dar os melhores dias da sua vida
E não poemas com frases que não rimam
Mesmo que você não esteja ao lado de todos que te amam
Eu tenho certeza que todos nós que te amamos
Estaremos sempre por perto.
Eu quero que você saiba
O que provavelmente você já sabia
Eu te amo muito.
E agradeço a Deus por ter você todos os dias na minha vida.
E agradeço a você por ser quem é, pelo o que representa pra mim.
Que sejamos sempre essa dupla de "imaturos, incapazes e irresponsáveis"
Como sempre nos chamaram
Mas que não deixemos de lutar, ajudar e apoiar um ao outro
Como sempre fizemos
Separados ou juntos,
Eu tenho certeza que vamos muito longe
Que dominaremos o mundo!
Ainda que seja o nosso...
Eu te desejo toda a felicidade que existir
E um pouco mais
Porque você merece
Você merece muito mais

Esse é para você,
Minha mais-que-amiga
Minha compartilhadora de sonhos,
Minha levantadora de tombos,
Minha irmã.

Eu te amo e estarei sempre, sempre ao teu lado, do teu lado.

Dois mil e doze

Olha. Acabei de chegar da festa. Devo estar um pouco alterado, mas tudo bem.
O meu relato de fim de ano começa com minha avó insistindo para ir a igreja e eu aceitando o convite, afinal, é sempre bom agradecer por mais um ano de vida e pedir bençãos para o ano que está por vir.
Me arrumo e chegamos uns quinze minutos atrasados, mas a tempo de pegarmos mais da metade da missa.
Tudo parece acabar cedo e, depois de abençoados, troco de roupa e sigo até a casa do meu tio para jantar.
Falando em jantar, nossa, quanta comida. Variações de bacalhau até strogonoff (ou sabe lá Deus como se escreve isso) recheavam o caprichado cardápio montado com a colaboração de cada um. Apesar da mesa farta, comi pouco. Não estava com fome até entao. Reencontrei alguns amigos que não via há meses-que-pareciam-anos e, depois de muita conversa, logo serviram sobremesas tão deliciosas quanto os pratos principais.
O clima estava ótimo, tinha gente distribuindo sorriso para todos os lados. Me senti na casa do meu tio essa noite como nunca mais me sentira em Manaus. Não pela grande quantidade de comida (devo confessar que esse fator colaborou muito) mas sim pela grande quantidade de alegria. Das crianças aos idosos só se ouvia falar em "-Feliz ano novo. Tudo de bom para você!" e foi nesse ritmo que seguimos até ouvirmos um alvoroço na rua da frente.

"-JÁAAAAAA"

Sim. Era a minha mãe. Espontânea, engraçada e feliz, como sempre. A real intenção era anunciar que dois mil e onze estava ficando para trás, mas ao olhar para o relógio percebi que dez minutos nos distanciavam do ano do fim do mundo. De repente, uma sede me fez correr até o bebedouro do outro lado da casa, como se estivesse em uma missão impossível. Não queria passar os ultimos minutos do ano bebendo água.
Voltei ao encontro da minha mãe e ainda faltavam sete minutos.


"-Ploft!"

Esse era o som do vinho que fora aberto antes do tempo. "Isso não traz má sorte?" Pensei, tentando lembrar dessas famosas superstições que envolvem natal, ano novo e derivados.
Logo todos levantaram. Os barcos ancorados na orla da ilha de Parintins agora estavam buzinando e de longe era possível ouvir uma multidão gritando, mas ninguém entendia em que parte da contagem estavam até que um jorrão de luz ilumina o céu.


"- FELIZ ANO NOVO!"

Todos gritaram ao mesmo tempo enquanto se abraçavam e tiravam fotos. Mensagens de texto chegaram em peso no meu celular, enquanto eu tentava mandar outras para amigos distantes. Os fogos de artifício lançados por uma única balsa no meio do Rio Amazonas não devem ter durado quinze minutos, mas fora o suficiente para anunciar a chegada do ano novo e para entusiasmar todos os presentes.
Depois de cumprimentar familiares e amigos, combino com outros amigos para dar uma volta e parar no "Rancho Taperebá", basicamente um dos poucos lugares que estavam promovendo uma boa farra.
Sabe qual é a melhor parte de morar em uma cidade tão pequena quanto Parintins? Encontrei todo mundo na festa. Sem muita dificuldade, achamos um local para nos "instalarmos" e por lá se passaram as outras cinco-seis-ou-sei-lá-quantas horas de diversão, alegria e felicidade.
Consigo lembrar da boa energia que dominava o local até agora e eu realmente espero que essa vibe continue até o início de todos os outros anos que virão.
Um feliz dois mil e doze para todos!