Sermão

Por que você é assim, heim?
Não faz nada que a gente manda;
Anda, desanda,
Sempre com esse ar de quem enfrenta tudo,
Mas que não conhece, contudo
As coisas a que tem que enfrentar.

Isso não te faz bem, sabia?
Essa história de virar noite e dia
De brincar
De brincadeirinha,
De fingir que sabe o seu lugar.

De onde veio essa mania
De dizer que é de verdade,
Que é mentira;
Por que você insiste
em tentar, tentar e tentar?

Faça as contas,
Segure as pontas.
Você não precisa radicalizar.
O que custa ter cautela
E agir só depois de pensar?
É normal estar confuso;
Você tem todo o tempo do mundo,
Só não deixe esse tempo passar.

Degradê

Quando for azul piscina,
E abrir os olhos de quem dormira,
De quem pensava em quem não se importava,
De quem amara mais que devia.
Até dourar os brancos ares
De formas indevidamente devidas
E aquecer a pele gelada
De uma noite recém acabada
Que eu não achei que acabaria.

Quando o azul celeste,
Ilumina de leste a oeste,
Já no meio de tanta agonia
Eu sinto saudade da paz
Da paz que você me trazia.
Até que eu encontro algo mais
Algo melhor do que você oferecia
E proponho-me a deixar para traz
Quem já me deixou para traz um dia.

Quando levemente amarelada
Encontrando-se a alma cansada
De tantas verdades-mentiras
É necessário ter calma
Para escolher a melhor alternativa.
Até que o vermelho se perca
E sem uma explicação suscinta
Deixar que a beleza dê lugar à tons de cinza

Quando escuro o suficiente
Para não enxergar à frente;
Apenas ver com os olhos da mente,
Lembre-se que sempre existe alguém
Que caminha ao lado da gente;
Que sempre esteve lá
E que sempre te apoiará,
Quando tudo for azul,
Quando tudo torna-se negro.