Disperso

A dispersão se configura
Quando não há foco
Uma amplitude alta
Como estilhaços de uma granada

Há coisas até interessantes,
Mas elas não me seguram
Não me dão sequer um abraço

Ainda podemos abraçar?
Não é contra-indicado?

Talvez isso justifique
Esse tédio,
Essa quebra,
O cansaço

Nada me prende,
Nem a cela que me cerca
Em que eu me cerco

Minha cabeça está dispersa
Porque a falta (do que fazer)
Revela o excesso de sentimentos
Comprimidos na minha cabeça

Tantos que nem sei como sentir
Tantos que não sei como fugir




Eu quero

Eu quero
Por perto
De novo,
Imploro

Me culpa,
Desculpa.
Põe fogo.
Me jogo

Se eu corro,
Socorro.
É céu
Ou inferno?

Mais uma,
Mais duas,
Mais cem vezes
Quero.

O tudo,
O todo
Por pouco
Acaba,
Em transe
Na transa
Me prove
Me rasga

Suas curvas
Estradas
Me dobre,
Me soque.
Me vira
Não para
Um golpe de sorte

Que eu provo
Reprovo
O gosto amargo
Do olho,
Da boca,
Do suor salgado

Se é certo
Ou errado.
É corpo,
Etéreo.

Escolha,
Recolha,
Repita o processo:
Me ame,
Me odeie,
Me sinta.
Te peço

Ou muito
Ou pouco
A falta.
O excesso

Me queira.
Me queira.
Me queria.
Que eu quero