Sem siso, sem juízo.

Estou desde meados do século passado adiando a consulta no dentista para extrair dois sisos e um dente supranumerário que teimou em nascer somente para atrapalhar a minha vida. Desculpas como "- Tenho provas" ou "- Tenho seminários" esconderam o real motivo d'eu adiar tanto a extração do "dente do juízo".

"- Tenho medo..."

Não de dentista, mas sim da dor que alguns amigos da faculdade disseram que eu sentiria, afinal, ficar três semanas sem comer direito com constantes dores insuportáveis e jorrando sangue pela boca exige um intenso preparo psicológico.
Chego no consultório e preencho uma ficha clínica enquanto as recepcionistas bem arrumadas discutiam sobre a vida alheia. Em poucos minutos já estava dentro da (sala de tortura) pequena sala onde o simpático dentista realizaria a operação.

"-Você não vai sentir nada..."

E realmente não senti, a operação foi rápida e nem vi o tempo passar. A tarde fora uma maravilha até o dormente efeito da anestesia acabar. Uma dor e um drama maior ainda deixou minha mãe preocupada enquanto eu me afogava em litros e mais litros de sorvete por (divina) recomendação do odontólogo.
No dia seguinte acordei com a bochecha thunder-thunder-thunder-inchada e apelidos foram inevitáveis durante a comemoração do aniversário da minha irmã.

"-Kiko!"

Era meu pai me chamando... Até ele... Queria me jogar do segundo andar, me trancafiar no quarto, pensei em me enterrar, mas tinha medo que a minha gigante bochecha maior-que-a-do-fofão ficasse para fora... O cardápio era o mais variado e, devido a dor, não pude comer a lasanha, o strogonoff, o filé, senão uma sopa de verduras batida no liquidificador.
Alguns dias já se passaram e a minha alimentação resume-se em sopa, remédios e iogurte , estou louco para comer algo que precise ser mastigado, mas aí PÁ!... Eu lembro que ainda falta arrancar o outro siso...

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